segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Riviera e Sujinho, duas instituições paulistanas

No recente passeio à Avenida Paulista tive a oportunidade de rever dois lugares que eu frequentei bastante há uns 30 anos, durante o final dos anos 1980 e década seguinte: são eles o Bar Riviera e a Churrascaria Sujinho, ambos na Avenida da Consolação, lá no final da Avenida Paulista. Aliás, lembrei de uma piadinha que compara a Avenida Paulista ao casamento. Diz o anedotário popular que ambos começam no Paraíso e terminam na Consolação...hehehe. Voltando aos estabelecimentos citados, em minha modesta opinião, as duas casas, uma delas, o Riviera, andava fechado há um bom tempo, reabrindo no último mês pelo que li na Folha de S. Paulo, sofreram um processo de elitização.

No caso do Riviera, a explicação parece óbvia: com a chancela do renomado chef Alex Atala, como um dos sócios, a casa não haveria mesmo de reabrir com a antiga cara de “botecão da madrugada”, apesar de sua áurea de já ter servido inúmeras celebridades outrora. Uma das histórias famosas do lugar foi a comemoração de Chico Buarque de Holanda, que ali brindou com uísque o sucesso de sua “A Banda”, ao vencer um daqueles festivais de MPB que existiam nos anos 1960.
Nova fachada do Bar Riviera, reformado e agora comandado pelo chef Alex Atala e mais um sócio

Voltando à minha avaliação, quero dizer que nem precisei entrar no local para tirar a minha conclusão. Só pelo segurança de terno preto à porta já deu para constatar que este novo Riviera, nada tem a ver com o despojamento do antigo, onde se reuniam políticos, artistas e jornalistas, entre quais este que vos escreve, em animadas discussões regadas sempre a muita cerveja.

Quanto ao Sujinho, sua fachada já denuncia a elitização. Minha impressão deste “fecha nunca” – funciona 24 horas – é que parece ter optado por privilegiar um público mais normalzinho, em detrimento do ambiente mais “underground” das madrugadas ali, que eu bem conheci. Naqueles tempos, o Sujinho também era conhecido pelo codinome “Bar das Putas”. Sim, porque, além do público intelectualizado, semelhante ao do Riviera, o local também era muito frequentado pelas profissionais do sexo – e neste trecho da cidade muitas há, certamente. Em resumo, todos trabalhadores ou na farra durante a madrugada, sempre tinha o Sujinho como opção para fazer uma boa refeição a preços justos. E eu, que costumava trabalhar nas madrugadas no início de carreira, também costumava passar por lá. Hoje, dando uma pesquisada no cardápio, percebe-se que os preços estão, sim, mais salgados. Não comi nada para atestar se a boa qualidade continua sendo ponto alto. O que posso dizer é que, de razoável, encontrei a cerveja Serra Malte a R$ 8,50 – preço similar ao praticado em barzinhos de bairros não tão bem localizados. De qualquer maneira é sempre bom retornar a antigos pontos famosos de Sampa para ver como estão agora.

Paulo Coutinho,
18/11/2013

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