segunda-feira, 31 de março de 2014

Cinquentenário do golpe militar de 1964

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 Ainda não havia nascido naquele 31 de março. Por isso, minhas lembranças desse período da história começam por volta de 1970. Nesse ano fui matriculado no pré-primário do Ateneu Monteiro Lobato, escola particular aqui do Jabaquara. E foi no Monteiro Lobato onde vivenciei, nos próximos anos (1971/1974), o que chamarei aqui de "reflexos" da ditadura militar recém-implantada no país. 

     Na minha percepção de criança de 6, 7 anos, já achava um exagero ter de decorar e antar um montão de hinos - Nacional, da República, da Bandeira, da Independência e até do Expedicionário!, aquele assim: "Por mais terras que eu percorra não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá, sem que eu leve por divisa, este V que simboliza a vitória que virááá..."

     Tais reflexos vinham da exacerbação do nacionalismo incutido pelo regime.  Outra coisa que irritava um pouco a molecada é que antes de fazer o que gostávamos nas aulas de educação física - jogar futebol,vôlei, handebol,basquete...na época o ensino público oferecia, sim, tudo isso - ficávamos longos minutos perfilados e sendo comandados feitos soldadinhos a fazer manobras militares na apresentação da bandeira nacional e canto dos hinos. Acabando tudo isso saíamos correndo para as quadras. 

    Para não muito me estender, finalizo declarando que as únicas saudades que eu tenho desse tempo (que anos depois soube que usou e abusou da censura, torturas e outras aberrações) são as dos meus tempos de infância e adolescência. Porque já vivi o suficiente para aprender que toda e qualquer ditadura ou regime que venha a ferir direitos fundamentais deve e sempre deverá ser combatido pelos homens de bem e livres de espírito.

PS: Nem vou comentar sobre a meia dúzia de cidadãos que andou se reunindo por aí, hoje mesmo, na Avenida Paulista, reivindicando a volta dos militares. Realmente...SEM COMENTÁRIOS

Paulo Coutinho,
31/mar/2014


     


sexta-feira, 21 de março de 2014

Feliz aniversário, Jorge Ben Jor


     Amanhã, dia 22 de março, faz aniversário um grande artista da música popular brasileira, cujo trabalho gosto muito. É o carioca Jorge Ben Jor, um dos pais do samba-rock, que completa 69 anos de idade. Relembre, no vídeo, o primeiro dos seus grandes sucessos, "Mas Que Nada", gravado nos anos 1960. Parabéns, Ben Jor!







Paulo Coutinho,
21/mar/2014

quinta-feira, 20 de março de 2014

Mais um blog de minha autoria

A notícia de hoje é a entrada no ar do meu quinto blog. Meu mais novo trabalho tem proposta semelhante a do Notícias Tupiniquins. Mais um espaço para eu praticar o jornalismo, fazer análises e tecer comentários sore fatos ocorridos no Brasil  no mundo. O endereço do novo blog é:

www.artigonotícias.wordpress.com

Façam uma visita

Paulo Coutinho,
20/mar/2014

quinta-feira, 13 de março de 2014

Augusto de Morais tem blog novo no Wordpress

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 A grande notícia de hoje é que o poeta Augusto de Morais agora tem um blog só dele. O Augusto merece! Aproveitando o clima de reformulações em meus blogs, escolhi nova plataforma para o trabalho do escritor. Seu blog está hospedado na Wordpress.com. Isso porque não estamos nada contentes com a Google, que sempre pisa na bola. Só mantenho meus três blogs no Blogger por razões profissionais, pois minha vontade era a de tirar tudo meu que estivesse ao alcance da Google. Podem reparar que já não tenho anúncios deles na minha página. Aliás, também já escolhi outro programa de monetização para meu trabalho. Logo vocês verão em minhas páginas anúncios inovadores e em novos formatos.

    Ah, o novo endereço do Augusto de Morais é:

www.augustodemorais.wordpress.com 


Paulo Coutinho,
13/mar/2014

terça-feira, 11 de março de 2014

Copa de 1974 - Alemanha, a primeira com transmissão colorida



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     Ontem, ao falar sobre a Copa 1970, comentei que assistimos aquela final eletrizante contra a Itália transmitida na televisão em preto e branco. Pois bem, dois ou três anos depois começavam a chegar ao mercado as primeiras TVs coloridas. Ou seja, a Copa de 1974, na Alemanha, já teve transmissão colorida. Lembro bem que o nosso primeiro aparelho a cores era um Sharp de 20 polegadas, sem controle remoto, coisa só inventada muito depois. Foi nessa TV, que de moderno trazia seletor de canal com um toque, diferente dos antigos e duros seletores circulares - padrão na época - que víamos o bonito contraste da grama verdinha com a camisa tricampeã amarelo canário. Em campo, sem Pelé, a seleção fez uma Copa mediana, para não se falar medíocre, para uma equipe que havia humilhado a Itália (4 x1) na final da Copa passada. Se não me falha a cabeça cheíssima de histórias e memórias, ficamos apenas em terceiro lugar, conquistado em partida contra a Polônia (que aliás sempre teve a tradição de formar grandes times, como outros dois países da ex-União Soviética: Iugoslávia e Tchecolosváquia - esta última manteve a boa escola futebolística nos dois países originados com o desmembramento da URSS: República Tcheca e Eslováquia.

Curiosidade do ano de 1974: Enquanto a TV a cores era novidade e presente em poucos lares brasileiros,  o mercado inventou uma aberração que hoje soa até engraçada: criaram uma película tricolor (verde na parte de baixo, vermelho no meio e azul na parte superior) para se fixar na tela dos velhos aparelhos em preto e branco. Era o "tunning" de TV da época, hehehe. Vendo o invento, eu, nos meus 10 anos de idade, achei aquilo muito estranho e, até, ridículo... As pessoas apareciam na tela com três cores na cara! Enfim, nunca tivemos uma película desta. E foi com a Sharp colorida que assistimos a Copa seguinte, a de 1978, na Argentina. Esta foi faturada pelos donos da casa. E nossa seleção não passou do 4º lugar.

Paulo Coutinho,
11/mar/2014

   

segunda-feira, 10 de março de 2014

A Taça Jules Rimet




     


     A Taça Jules Rimet era o prêmio original da Copa do Mundo FIFA. Foi oficialmente nomeada em 1946, em homenagem ao presidente da entidade. Feito em ouro e liga de prata, media 35 cm. e pesava 3,8 quilogramas. Tinha forma de uma taça octagonal, apoido por uma figura alada representando Nique, a deusa grega da vitória.Dorante a Segunda Guerra Mundial, o troféu ficou com a Itália. Ottorino Barassi, vice-presidente da FIFA e presidente da Federação Italiana de Futebol, guardo-a numa caixa de sapatos debaixo da sua cama, temendo que ela fosse roubada pelos nazistas.

     Entretanto, a taça acabou mesmo sendo roubada duas décadas depois, numa exibição pública, na Inglaterra, quatro meses antes da Copa de 1966, realizado e ganho pelos ingleses. A Jules Rimet foi encontrada uma semana depois embrulhada em jornal e escondida num parque londrino.
Réplica da Taça Jules Rimet, conquistada definitivamente pelo Brasil com os triunfos de 1958/1962/1970. A original foi roubada no Rio de Janeiro, em 1983

     O Brasil conquistou a Jules Rimet pela terceira vez em 1970 - já detinha os títulos de 1958 e 1962 -, ganhando com isso sua posse definitiva. Mas a taça foi roubada novamente, desta vez no Rio de Janeiro, em 1983, e jamais recuperada, acredita-se que os ladrões a teriam derretido para vender o ouro.

     Após esse episódio, a Confederação Brasileira de Futebol mandou fazer uma réplica da Jules Rimet. A cópia foi confeccionada por Eastman Kodak, que a finalizou em 1986.

    A partir de 1974, passou-se a disputar a Taça FIFA, a qual o Brasil já levantou duas vezes (1994 e 2002). Mas parece que, com essa, não tem esse negócio de conquista definitiva com três vitórias, não.
Taça que será entregue ao campeão de 2014 é a mesma em disputa desde 1974
          Fontes: Wikipedia e minha memória de elefante  


Paulo Coutinho,
10/mar/2014
 
 

Minha primeira Copa



Foi em 1970 a minha primeira Copa do Mundo. O país vivia sob uma ditadura militar brava, surfávamos numa onda de nacionalismo. "Este é um país que vai pra frente" e "Brasil, ame-o ou deixe-o" eram dois dos slogans da propaganda militar da época. Até a música da seleção era puramente ufanista: "Noventa milhões em ação, pra frente Brasil, Salve a seleção... de repente é uma corrente pra frente, parece que todo país deu a mão... todos ligados na mesma emoção... todos juntos vamos, pra frente Brasil, Brasil, Salve a seleção..."

O Brasil tinha Pelé, naquela que seria sua ultima Copa pelo selecionado nacional. E ele brilhou, assim como Jairzinho, Tostão, Gerson e demais defensores da camisa canarinho. Contávamos ainda com a simpatia do povo mexicano, anfitriões dessa Copa. A final foi de arrasar: 4 x 1 para cima da Itália. O Brasil conquistava o tricampeonato, e por definitivo a taça Jules Rimes - de ouro maciço, que anos depois foi roubada em território nacional - mas isso é outra e longa história, que vou contar em próximo post.

Eu tinha cinco anos de idade e, tudo que me lembro desse dia é que a transmissão televisiva ainda era em preto e branco - a Copa seguinte, de 1974, na Alemanha, foi a primeira com transmissão colorida, uma novidade no Brasil.

   Voltando a 1970, também lembro que assisti a essa final na casa de um tio meu, que morava na Zona Leste. Recordo que voltamos para casa em clima de buzinaço nas ruas e gritos de "TRICAMPEÃO".

Paulo Coutinho,
março/2014

domingo, 9 de março de 2014

NT Série Especial - Copa Tupiniquim

Sinceramente, o bicho é bem simpático, mas o nome que deram ao mascote da Copa 14 é medonho: Fuleco! Lembra "fuleiro" ou coisa que o valha. Pelo amor de Deus, hein! Também não curti muito este selo que eu fizpara esta série especial de matérias. Confeccionarei outro nesta segunda.

  Há menos de 90 e poucos dias do começo da Copa, dou início à minha série especial sobre o evento, o segundo a ser realizado em terras tupiniquins - o primeiro pouca gente se lembra ou estava viva para acompanhar o primeiro Mundial pós-Segunda Guerra Mundial, no que hoje parece tão longínquo 1950. Ano do retumbante fracasso do selecionado brasileiro (ou maior derrota de todos os tempos, se preferirem). A festa estava armada, num Maracanã superlotado com 200 mil pessoas. 


No gramado os uruguaios pressionavam, 1 x 1 no placar - resultado que dava o título ao Brasil, quando aos 34 minutos do segundo tempo, Alcides Ghiggia virou o jogo e silenciou e pôs a chorar o maior público de todas as Copas - oficialmente, 199.854 pessoas estavam no Maraca (à época o maior estádio do mundo. Este episódio ficou conhecido como "Maracanazzo".O Uruguai sagrava-se bicampeão - o primeiro título ganhara em casa, em 1930. E o Brasil amargara a maior de suas decepções. Depois disso a história todos sabem. Ganhamos cinco títulos (1958/1962/1970/1994/2002) e, nesse período, ainda amargamos outra derrota numa final - esta não tão trágica, afinal perdemos para a França, dona da casa em 1998, numa final marcada pelo nunca explicado direito o mal que acometeu Ronaldo, nosso craque à época, pouco antes de entrar em campo. Amarelou? Bebeu muito vinho na véspera? Ou o ocorrido nada mais foi do que uma das mirabolantes teorias da conspiração que não demoraram para começar a circular? Mistério...
   
    Esse texto inicial é só um aperitivo das histórias que vou contar aqui nos próximos meses das coisas que vi e vivi - a partir do tricampeonato de 1970 - e também das que não vi. A Copa de 50, por exemplo, pauta do texto de hoje, ocorreu 14 anos antes do meu nascimento, mas nada complicado para um bom repórter tupiniquim encontrar e conversar, ainda hoje, com pessoas que se decepcionaram e choraram naquele 16 de julho de 1950.
Até a próxima,
Paulo Coutinho,
09/mar/2014

sábado, 8 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da Mulher 

   O Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 de março em memória a uma onda de protestos e reivindicações de mulheres russas, ocorrida no início do século 20, em plena época de implantação da Revolução Socialista (1917). Essas mulheres se insurgiram contra o czar Nicolau II, as péssimas condições de trabalho,  e a entrada do país na Primeira Guerra Mundial. Queriam também mais direitos de cidadania. Apesar de esse movimento ter sido pioneiro, outras iniciativas no sentido de prestigiar as mulheres, já vinham sendo tomadas em outras partes do mundo, desde o fim do século 18. Uma delas foi a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (em francês: Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne).   Trata-se de um texto jurídico que exige status de completa assimilação jurídica, política e social das mulheres, escrito em setembro de 1791 pela escritora Marie Gouze, conhecida por Olympe de Gouges, sobre o modelo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que fora proclamada em 27 agosto de 1789 ,mas não contemplativa às mulheres.

Ao lado, veja a Declaração dos Direitos da Mulher e Cidadã, 
no original, em francês.

O escrito de Olympe de Gouges foi dirigido à Rainha e primeiro documento, da Revolução Francesa, a mencionar a igualdade jurídica e legal das mulheres em comparação com os homens , a Declaração dos Direitos da Mulher e do Cidadã foi elaborada para ser apresentada à Assembléia Nacional em 28 outubro 1791 a ser adotada, se aprovada. A Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã repensa a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão , que enumera os direitos, mas se aplicam apenas aos homens, enquanto as mulheres não tinham o direito de votação, de acesso a instituições públicas, à liberdade profissional, direitos de propriedade etc. Olympe de Gouges defende, ironicamente contra o preconceito masculino, a causa das mulheres, "Mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos" . E viu-se denunciado o fato de que a Revolução esqueceu as mulheres em seu projeto de liberdade e igualdade. A Convenção rejeitou o projeto.


Paulo Coutinho,
08/mar/2014


 


quinta-feira, 6 de março de 2014

Alemães vão atacar de Mengão na Copa 2014

    Decididamente, o marketing das grandes corporações multinacionais não está para brincadeira. Vejam este exemplo da Adidas, que deve ter influenciado muito a seleção alemã de futebol, a optar por esta versão para ser a camisa nº 2 dos germânicos. Lembra algum grande time brasileiro? Pois é, inspiração nítida e confessada  na vestimenta do Flamengo, que como na seleção alemã, é fornecida pela Adidas. A empresa, com décadas de atuação no mercado brasileiro, e fornecedora do Flamengo, conhece o potencial de vendas da nova camisa alemã daqui até depois do término da Copa. É, meus amigos, nada é por acaso...  
Sem contar nos milhares de torcedores fanáticos rubro-negros que possam vir a apoiar o selecionado alemão durante o torneio.
    
Novo uniforme alemão para a Copa 2014 - reprodução: Facebook Adidas

     Já estou até vendo meu amigo Joelcio Braulio gritando na sala: "Vai Mengão... Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Mengo"...


 
 Paulo Coutinho,
06/mar/2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

Minhas escolas da Zona Oeste fizeram bonito no Carnaval

Minhas escolas de Ouro da Zona Oeste fizeram bonito no carnaval paulistano deste ano. A Rosas de Ouro, do saudoso Eduardo Basílio, sagrou-se vice-campeã - aliás pela terceira vez consecutiva, sempre atrás da tricampeã Mocidade Alegre, que emocionou n sambódromo com um enredo sobre fé. Já a simpática Águia de Ouro, escola da Vila Pompéia, ficou com um excelente terceiro lugar, com seu enredo em homenagem ao compositor baiano Dorival Caymmi.

As duas últimas colocadas e, consequentemente, rebaixadas para o grupo de acesso foram a Leandro de Itaquera e a Pérola Negra. Para seus lugares no Grupo Especial subiram as escolas  Vila Maria (campeã do Grupo de Acesso) e Mancha Verde (vice)

segunda-feira, 3 de março de 2014

Rússia comprova observação de Tupiniquincas

   Fiquei com as palavras de ontem de Tupiniquincas na cabeça. Aquilo que ele disse sobre a prevalência histórica do forte sobre o fraco.

  O velho profeta tem razão e, para comprovar, temos um atualíssimo exemplo, o caso da ingerência russa na Ucrânia - país que teve o presidente deposto e vive em convulsão social. Agora me digam: o que os russos tem de se meter nisso? E, ainda por cima, mandando forças militares para a região? 

A única explicação para tal é a dos russos estarem "acostumados" à  supremacia no bloco que formava a ex-URSS. A União Soviética ruiu há mais de 20 anos, mas eles ainda se acham os donos do pedaço, afinal a Rússia é a maior, mais populosa e bem armada nação da região. É o forte prevalecendo. Ponto para o Quincas.

Paulo Coutinho,
03/mar/2014  







Augusto de Morais está em Lisboa, mas já volta

Após ter anunciado ontem a volta dos profetas, alguns amigos perguntaram do paradeiro do Augusto de Morais. Pois bem, o poeta está em Lisboa e deve retornar nos próximos dias. O poeta está participando de um ciclo de conferências sobre a obra de Fernando Pessoa, um de seus maiores colegas da Língua Portuguesa. Augusto se interessa pela heteronímia de Pessoa. Álvaro de Campos é o seu preferido. Em homenagem ao retorno, em breve, de Augusto de Morais, aí vai um de seus poemas prediletos:


Tabacaria

Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Álvaro de Campos: "Tabacaria" (excerto)


Paulo Coutinho,
03/mar/2014

domingo, 2 de março de 2014

Profetas voltam de Machu Pichu

Hoje reencontrei os profetas Tupiniquincas e Tupiniqueas. Neste ao ainda não os tinha visto. Estavam comendo sarapatel e baião de dois numa casa do norte perto da rodoviária do Jabaquara. Contaram-me que vinham da rodoviária do Tietê, após uma viagem e tanto de ônibus, vindos de Lima, capital do Peru. Contaram-me que passaram mais de 30 dias nos Andes, onde participaram do congresso Internacional de Profetas em Machu Pichu, encerrado no dia 25 de fevereiro. Desse dia até hoje foram muitas as peripécias da dupla até chegar na manhã de hoje ao Jabaquara. Então perguntei aos dois quais eram as novas. Disse-lhes que muitos - alguns, vai - leitores deram falta deles.

Tupiniqueas foi o primeiro ase pronunciar. "É, caro repórter, as coisas estão feias pelo mundo. Veja você que um colega profeta-curandeiro de Uganda contou-me que, por lá, o governo baixou uma lei anti-gay. A segregação é mesmo uma excrecência da humanidade. E, pelo que me contou o profeta camarada da Rússia, Wladimir Putanhesko, os gays também não tem vida fácil na sua terra. Perseguições e mortes são corriqueiras. Espetáculo odioso que podese ver por aqui, até na Avenida Paulista.

   "A sociedade foi, é, e sempre será segregacionista", interrompeu Tupiniquincas.

   Conto-lhes do tal AI-5 da Copa, lei que pode ser interpretada como criada para reprimir e até prender manifestantes em protestos que ocorram durante o evento.

   Tupiniqueas ficou abismado com a história de compra de tanques equipados com jatos de água para reprimir protestos.

   "Voltamos no tempo?", suspirou.

   "Não vejo motivo para tanto espanto, pois ao longo da história sempre o rico oprimiu o pobre, como nas guerras, o forte prevalecendo sobre o fraco", replicou Tupiniquincas, visivelmente extenuada pela longa viagem internacional de busão. Bem-vindos!

Paulo Coutinho,
02/mar/2014

Águia de Ouro homenageia Dorival Caymmi


Vi nesta madrugada, pela TV, o desfile da Águia de Ouro, escola de samba da Vila Pompéia, agremiação que, assim como a Rosas de Ouro, do bairro do Limão, eu acompanhei e assisti desfiles ao vivo entre 1986 e 1994. A Águia nunca chegou a ser uma potência do carnaval paulistano, mas é uma escola das mais simpáticas e sua quadra é um dos melhores lugares da cidade para se curtir um ensaio de escola de samba. O desfile de hoje da Águia foi de gente grande, a começar pelo tema do enredo, o eterno baiano Dorival Caymmi. E o que se viu nos 55 minutos de passagem da escola pelo sambódromo do Anhembi foi uma bela homenagem a Caymmi, com enormes alegorias e revisita a sua vasta obra musical. O samba-enredo está sendo apontado como um dos mais belos deste Carnaval.   Veja abaixo o vídeo de um ensaio geral deste ano da Águia  de Ouro.            

Alegoria do desfile da Áuia de Ouro, representando o poeta baiano.
                    Paulo Coutinho
                                                                         02/mar/2014

sábado, 1 de março de 2014

Deste e de outros carnavais paulistanos

Sábado de Carnaval, segunda noite de desfile das escolas de samba do grupo especial do carnaval paulistano. Trabalhei muitos anos  no Sambódromo como repórter. Os primeiros carnavais que cobri, aliás, ainda eram na Avenida Tiradentes. Depois fiz coberturas nos primeiros anos do Sambódromo do Anhembi, local onde o evento é realizado hoje. É muito bonito e interessante ver esse espetáculo de pertinho, mas eram noites de trabalho extenuante. Por incontáveis vezes percorria o corredor lateral de serviço, da concentração à dispersão, indo e voltando, quase sempre sob impiedosa chuva de  verão, que parece uma tradição do carnaval paulistano. Raro o ano em que não chove numa noite do desfile principal. E ontem já choveu!

Paulo Coutinho,
01/mar/2014



O AI-5 da Copa

     Ao reencontrar meu amigo Joelcio Braulio, ontem, no centro da cidade, bebemos uma cerveja e conversamos sobre família, política, Copa do Mundo, mesmos temas que discutíamos há 20 anos... Em meio à discussão, da qual participou também o amigo Alex, surgiu um assunto realmente preocupante, o projeto de lei que vem sendo chamado de AI-5 da Copa. O apelido é alusivo ao Ato Institucional nº 5, de 1968, marco do endurecimento do regime militar. 

     Voltando ao famigerado AI-5 da Copa, consiste de dispositivo que trata do crime de terrorismo. Incendiar ou depredar bens públicos ou privados, não importando tratar-se ou não de manifestação pública, ficaria passível a penas de até 30 anos de prisão. Diversos movimentos sociais lançaram manifesto em repúdio à medida, considerando-a ranço do autoritarismo. O temor generalizado é que a tramitação da lei no legislativo seja aprovada a tempo de reprimir possíveis e quase certas manifestações durante a Copa do Mundo, que começa em junho, no Brasil.

     Seguindo conselho dos mais velhos, se barba eu tivesse, já ia a deixando de molho. Eu e muitas pessoas que conheço jamais imaginaríamos um AI-5 da Democracia, meio século depois...

Paulo Coutinho,
01/mar/2014

Santo Padre Anchieta

 O Padre José de Anchieta - um dos fundadores da cidade de São Paulo - foi declarado santo pelo papa Francisco, nesta quinta-feira. O anúncio de Francisco vem 34 anos após a beatificação de Anchieta, pelo papa João Paulo II.

Este assunto veio acompanhando há anos, pois Anchieta é padroeiro da comunidade católica que frequento aqui na minha rua. 

E, ontem, em passeio pelo Centro, no qual encontrei ao acaso um amigo de longa data, o mermão carioca, Joelcio Braulio, fotografei estes marcos históricos em homenagem à Anchieta:


Inscrição em azulejo na  entrada e igreja (abaixo) do Pátio do Colégio, marco de fundação da cidade de São Paulo, há 460 anos.




Este prédio não tem a ver com a história, só fica próximo ao Pátio do Colégio. É que não resisto fotografar um prédio antigão destes do centro de São Paulo.


Paulo Coutinho,
01/mar/2014