terça-feira, 8 de outubro de 2013

Afinal, o que eles querem? Só quebrar?

É mesmo de se lamentar as cenas de violência vistas ontem nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Lamentável não só pelo show de destruição de bens públicos e privados mas, principalmente, porque mancha irremediavelmente todo o caráter cívico e democrático do início das manifestações populares que trouxeram algo de novo no cenário nacional há dois ou três meses. 
   
   Ao perder seu caráter pacífico reivindicatório, tais movimentos debandaram para a violência ou deixaram-se infiltrar por grupos radicais, cujos membros sequer mostram seus rostos.

   Numa abordagem sócio-antropológico pode-se atribuir tanto ódio ao nosso longo histórico de exploração dos mais pobres pelos mais ricos. Não à-toa, o alvo preferencial dos raivosos se concentra em grandes corporações - bancos e multinacionais e também em prédios públicos de governos que,historicamente, também nunca foram de fazer o bastante por seu povo.

   Tudo bem, mas daí prejudicar milhões de outros habitantes da cidade já é demais. Façamos a conta: para uma gigante como a Vivo, substituir mil, 10 mil, um milhão de orelhões destruídos, é fichinha. Pior para o cidadão necessitado urgentemente de fazer um telefonema e, se não tiver um celular, tudo que encontrará serão aparelhos danificados por tais ações nada inteligentes.

     Sim, porque no estágio que vivemos, tal estratégia é burra e explico porque.
    No início das manifestações pelo país, tais ações eram apoiadas por índices de até 80, 90% da população. Será que os "guerrilheiros do caos" não percebem que ao agir do jeito que agem só fazem provocar a antipatia dos que acabam sendo prejudicados por causa dos ônibus queimados, agências bancárias fechadas etc e tal.

    A verdade é que as manifestações surgiram como uma lufada de ar fresco, uma esperança de mudanças positivas para o país. Só que a coisa desandou e, mais do que certo é que, sem o apoio e a participação popular, tais movimentos estão, infelizmente, fadados ao fracasso e ao esquecimento. Talvez sejam lembrados, no futuro, como uma oportunidade perdida para a discussão dos grandes temas nacionais ou pelas cenas deploráveis registradas.

  Até em contraponto a recente post meu aqui, em que eu criticava a truculência policial contra professores manifestantes no Rio de Janeiro, fecho a questão: Sou contra violência de qualquer lado que venha. Pois ela só gerará mais e mais violência, como diz o velho ditado popular. Do mesmo jeito que policiais não podem, nem devem bater em professores e demais manifestantes, estes deveriam pensar duas, três ou mais vezes antes de destruir e atear fogo a viaturas policiais. Será que essa gente não sabe que as viaturas destruídas, assim como ônibus e estações de Metrô serão repostas e pagas com o nosso suado dinheirinho arrecadado em diversos impostos, taxas e contribuições que todo cidadão tem de pagar?

Já que o homem foi dotado de inteligência, compreensão e capacidade de falar e se expressar, por que não utilizar o diálogo e a mesa de discussões para resolver os problemas?
   Mesmo porque, pelo o que eu saiba, grupos que pregam o quebra-quebra, até hoje não apresentaram sequer uma lista de suas reivindicações. O que querem,afinal, além de sair pela cidade destruindo tudo que encontram pela frente?

Paulo Coutinho,
08/out/2013

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