Conversávamos eu, Tupiniquincas e Tupiquineas. O assunto eram contradições humanas. Indagaram-me se tinha eu algum exemplo a dar. Contei o que ouvi certa vez, não revelarei quando, muito menos quem o disse.
"Posso perdoar, mas NUNCA esquecer".
Com a palavra, Tupiniquincas: "Certas ofensas impregnam o ser com o desejo de vingança, nada mais que um reforço para a tese de que a essência da maldade é inerente ao homem", afirmou.
Tupiniqueas tem sua vez e põe-se a discursar: "A possibilidade do perdão prova o contrário, colega. Usaste nunca. Cuidado com o que dizes Tupiniquincas.
Ooooooooxeeeee! Tenha cuidado tu e tua língua, cabra da moléstia - disse Tupiniquincas, num flash back dos tempos em que viveu no agreste do sertão nordestino.
Esses dois são assim mesmo, diria outra personagem oculta, para justificar qualquer coisa mal feita. Como conheço muito bem as peças, peço ao João mais uma rodada de cachaça de Caruaru e uma Serra Malte bem gelada. "E uma buchada de bode", completou Tupiniquincas, ainda incorporado pelo nordestino que foi. Malagueta da brava, farinha de mandioca. Deu-me fome também,mas não curto buchada de bode, não. Pedi meia porção de sarapatel, meia de baião de dois. Provei da pimenta que ardia até na alma, dei um gole na cachaça para "neutralizar" o ardor, truque que funciona, mas não impede que você sinta um calorão danado.
Pedi mais uma cerveja, bebemos. Vi que já estava tarde, resolvemos ir embora, nos despedimos e saímos caminhando pelas ruas silenciosas do bairro do Jabaquara na madrugada.
Paulo Coutinho, Tupiniqueas e Tupiniquincas,
07/12/2013
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