terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Brasil que eu vejo






Chega de hipocrisia. Em duas ou três décadas passamos do complexo de viralatas para a arrogância de nos acharmos ricos e desenvolvidos. Mas a verdade é que estamos ainda é muito atrasados ao que diz respeito  sermos um povo deveras civilizado. O antagonismo de nossa existência força minha visão a todo momento.  Somos capazes de recordes seguidos na produção de grãos – pelo menos aquela velha  história de que seríamos celeiro do mundo torna-se a cada dia mais real. Não fosse a costumeira incompetência, descaso e gatunismo de praxe amalgamados nos séculos de colonialismos, coronelismos, generalismos, consumismos, banditismos e  redemocratização falha que reflete nossa história. A recente  supersafra de soja e outros grãos é exemplo certeiro de nossa incompetência. Como num arremedo do conto  do ladrão que roubava, mas não podia carregar o fruto do roubo, o Brasil tem hoje enorme capacidade técnica para a produção do “ouro verde” – o mundo inteiro precisa comer, são bilhões de bocas! Mas não damos conta de “carregar” e embarcar as milhões de toneladas de alimentos, grande parte já negociadas  para diferentes regiões do planeta. Como brasileiro, desempregado a despeito de ampla qualificação, me revolta ver notícias de filas quilométricas de carretas graneleiras perfiladas em pistas e acostamentos de estradas próximas aos nossos arcaicos e defasados portos.
Assim, um país sem competência até para transportar suas riquezas – que não são poucas, assume a responsabilidade de sediar grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Senão vejamos: centro urbano mais desenvolvido no país, São Paulo conta com malha pífia de transporte público coletivo – insuficiente e de baixa qualidade para os pobres mortais que vivem por aqui. Será que o governo petista, de Dilma no Planalto e de Fernando Haddad no município, possui a varinha mágica que,num único toque, será capaz de concluir estádios, reformar aeroportos e construir milhares de quilômetros de metrô e corredores de ônibus necessários para suprir a demanda no curtíssimo  prazo dos próximos três anos? E, por falar nisso, cadê o trem-bala que ligaria São-Paulo-Rio de Janeiro em cerca de uma hora?
Não quero ser pessimista, mas, se a proposta era a de passar vergonha por  nossas mazelas, bastava apresentar ao mundo nossas dificuldades para escoar uma supersafra agrícola.  E paro por aqui, porque Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil são assuntos para um próximo artigo.
Augusto Coutinho, Jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário