No recente passeio à Avenida Paulista tive a oportunidade de
rever dois lugares que eu frequentei bastante há uns 30 anos, durante o final
dos anos 1980 e década seguinte: são eles o Bar Riviera e a Churrascaria Sujinho,
ambos na Avenida da Consolação, lá no final da Avenida Paulista. Aliás, lembrei
de uma piadinha que compara a Avenida Paulista ao casamento. Diz o anedotário
popular que ambos começam no Paraíso e terminam na Consolação...hehehe.
Voltando aos estabelecimentos citados, em minha modesta opinião, as duas
casas, uma delas, o Riviera, andava fechado há um bom tempo, reabrindo no último
mês pelo que li na Folha de S. Paulo, sofreram um processo de elitização.
No
caso do Riviera, a explicação parece óbvia: com a chancela do renomado chef Alex
Atala, como um dos sócios, a casa não haveria mesmo de reabrir com a antiga
cara de “botecão da madrugada”, apesar de sua áurea de já ter servido inúmeras
celebridades outrora. Uma das histórias famosas do lugar foi a comemoração de
Chico Buarque de Holanda, que ali brindou com uísque o sucesso de sua “A Banda”, ao vencer
um daqueles festivais de MPB que existiam nos anos 1960.
Nova fachada do Bar Riviera, reformado e agora comandado pelo chef Alex Atala e mais um sócio |
Voltando à minha avaliação, quero dizer que nem precisei
entrar no local para tirar a minha conclusão. Só pelo segurança de terno preto
à porta já deu para constatar que este novo Riviera, nada tem a ver com o
despojamento do antigo, onde se reuniam políticos, artistas e jornalistas,
entre quais este que vos escreve, em animadas discussões regadas sempre a muita
cerveja.
Quanto ao Sujinho, sua fachada já denuncia a elitização.
Minha impressão deste “fecha nunca” – funciona 24 horas – é que parece ter
optado por privilegiar um público mais normalzinho, em detrimento do ambiente
mais “underground” das madrugadas ali, que eu bem conheci. Naqueles tempos, o Sujinho
também era conhecido pelo codinome “Bar das Putas”. Sim, porque, além do
público intelectualizado, semelhante ao do Riviera, o local também era muito
frequentado pelas profissionais do sexo – e neste trecho da cidade muitas há,
certamente. Em resumo, todos trabalhadores ou na farra durante a madrugada,
sempre tinha o Sujinho como opção para fazer uma boa refeição a preços justos.
E eu, que costumava trabalhar nas madrugadas no início de carreira, também
costumava passar por lá. Hoje, dando uma pesquisada no cardápio, percebe-se que
os preços estão, sim, mais salgados. Não comi nada para atestar se a boa
qualidade continua sendo ponto alto. O que posso dizer é que, de razoável,
encontrei a cerveja Serra Malte a R$ 8,50 – preço similar ao praticado em barzinhos
de bairros não tão bem localizados. De qualquer maneira é sempre bom retornar a
antigos pontos famosos de Sampa para ver como estão agora.
Paulo Coutinho,
18/11/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário